quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Evolução sim, descaracterização não.



Falar que o novo cd do Arctic Monkeys (Humbug, EMI, 2009) é um amadurecimento no som da banda é besteira, uma grande besteira. Desde o primeiro disco (Whatever People say i am, that's what i'm not) que é notável o talento do grupo em criar músicas de pegada rápida, letras cheias de ironias, dançantes, melosas, pop chiclete...enfim, um daqueles raros casos de bandas que nascem prontas. E o que se viu no segundo disco (Favorite Worst Nightmare)? Uma sutil (?) evolução nas fórmulas emuladas por Alex Turner e companhia, ignorando a "síndrome do segundo disco".

E por que agora todo mundo estranha o terceiro cd? A pegada rápida sumiu? Não. Letras irônicas? Ainda estão lá. Dançantes? De certa forma, ainda estão lá também.
O problema para o não entendimento do Humbug é a forma como o trabalho está sendo promovido. Tendo como parte da produção o vocalista do Queens of the Stone Age, Josh Homme, a "imprensa" quer nos fazer acreditar que Homme vai transformar os Macacos em uma banda de Stone Rock. O que, de fato, não aconteceu.

O Humbug é um apanhado de influências e características que fãs da banda podem facilmente reconhecer. Lembro que a primeira coisa que li sobre o disco foi o Turner falar que o novo trabalho seria inspirado no Black Sabbath, um enorme WTF foi tudo que pude expressar, mas após ouvir "Pretty Visitors" entendi o que o vocalitsa queria dizer. A 9ª faixa do disco começa com um tecladão digno dos encontrados nos vinis dos anos 70 e em seguida a pegada arcticmoniana aparece e deixa tudo coerente, para mim "Visitors" resume o disco, e tem lá seus momentos Sabbath. Mas não é minha preferida. "Crying Lightning", "Secret Door", "Potion Approatching" e "Cornerstone" são as mais completas faixas do Humbug (aaaand minhas preferidas). "Crying" é tão climática que não precisava nem de vocal. "Secret" é um perfeito resultado de duas das melhores características da banda: as baladas e o ritmo dançante levados a pulso por uma linha de baixo marcante. "Potion" é a mais Stoner do disco (junto com "My Propeller), e deve ter deixado Homme orgulhoso. "Cornerstone" é uma daquelas músicas que nos conquista de primeira e dá vontade de cantar junto ( produzida por James Ford, mas graças a Deus sem o forçado clima "pomposo" tentado no Last Shadow Puppets) .
As faixas mais fracas do disco são as confusas "Fire and the Thud" e "The Jeweller's hands". E um caso complicado é "Dance little liar" que fica à sombra de sua irmã gêmea "Do me a favor", uma das melhores músicas do FWN.

Humbug prova o porque do Arctic Monkeys ser uma das mais respeitáveis bandas da geração Strokes. De forma concisa a banda consegue mostrar sua evolução sem desrespeitar seus fãs. Que agradecem.

Apresentação de "Crying Lightning" no programa do Jimmy Falon:

8 comentários:

  1. Concordo com tuudo. Aliás, só não concordo com The Fire And The Thud ser uma das piores músicas do álbum. Deixo isso só pra The Jeweller's Hand mesmo.
    Tem uma versão acustica de "Fire" que, eu pelo menos,achei melhor que a original haha :D

    http://www.youtube.com/watch?v=wWNbLAoziFQ

    Beijo

    / @TuaniCarvalho

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  2. ISSSAEEEEEEEE
    AMADURECIMENTO É A CABEÇA DO MEU PAU
    hahahahha

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  3. cara, ler a tua resenha até me fez pensar que se pode usar um conceito de walter benjamim pra falar do humbug... o de cronotopo, que é um elemento espacial-temporal que dá sentido a uma narrativa; mas deixa pra lá! kkkk

    é isso, pra entender o álbum se precisa perceber que a banda não mudou de estilo, mudou de perspectiva... os ingredientes estão lá, mas foram misturados de forma diferente dessa vez, e se acrescentou uns poucos mais novos. mas chega de metáforas, kkk

    só discordo qto a fire and the thud ser fraca; acho que fez mto jus à versão acústica. o contrário aconteceu com the bakery, que foi 'destruída' pela versão de estúdio. acho que o modelo novo até deu uma nova moldura pra letra.

    já falei demais, né?! kkkk
    \o/

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  4. digo
    acho que o modelo novo deu até uma nova moldura pra letra de fire...!

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  5. Hm...
    Bom, Piguito, também acho esse papo de amadurecimento uma bobagem. Também não acho que tenha sido uma "evolução", mas foi definitivamente uma mudança.

    Achei bom o álbum, musicalmente, mas pro meu gosto faltou aquele ingrediente que existe no Whatever e no FWN, que não sei ao certo o que seria, mas talvez a freneticidade.

    Não achei nem um pouco dançante o Humbug e as músicas não são nem um pouco animadas. Não ouço ele na esperança de ouvir e sentir a mesma coisa que sinto quando ouço os álbuns anteriores dos Macacos, aquele tesãozinho característico! haha

    Mas o álbum é bom.
    Crying Lightning e Cornerstone são as que mais gosto, também. juntamente com My propeller.

    beiiiijo ;*

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  6. Gostei, em especial, da parte em que tu falou de crying lightning ser tão climática (e aqui eu acrescentaria imagética as well, mas isso é eu sendo maluca), quando eu escutei crying lightning pela primeira vez foi exatamente isso que pensei, exatamente o que tu escreveu :]
    Concordo com todo o resto exceto pela parte em que tu critica the fire and the thud...eu simpatizo com ela =]

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